terça-feira, 10 de junho de 2008

Quinquilharias

Detesto perder gente. Posso perder tudo. Chave do carro, piercing do nariz, a hora, compromisso importante, o último dia do filme em cartaz, aquela exposição única na Pinacoteca, uma cena engraçada, um sorriso espontâneo, mas gente, detesto. É perda irreparável, não há substituto e por isso, não sei lidar. Prefiro dar as costas e seguir andando me desfazendo. Tem gente que entende a vida como um acúmulo de ganhos. Acho que eu já cheguei com tanta coisa que tento, ao longo dos passos, me livrar de algumas quinquilharias em excessos. Engraçado, a mágica ser ficar pelada enquanto tanta gente busca se vestir, com Dior, de preferência, nem que seja uma bolsinha apenas. Eu prefiro mesmo é abraço cru de gente desesperada de tristeza ou felicidade, não importa, desde que seja cru. Nada de nhe-nhe-nhé. Tem que estar junto ao pessoal que joga pelada no campo de areia na prainha do ribeirão, cobrir a criança que treme de frio embaixo na ponte em noite gelada de inverno, se apaixonar mesmo por quem não quer saber. Por quê? Porque somos gente. E gente, pensando melhor, nunca é perdida pois está aqui conosco perto de alguma coisa chamada sentimento.

Fernanda Yuri
Dia de despedidas

Ps. Minha amiga? Onde estará com seus pensamentos?

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