domingo, 25 de maio de 2008
Ela que ensina
Fernanda Yuri
Dia de gratidão
sexta-feira, 23 de maio de 2008
16:51 e 17:22
Fernanda Yuri
Dia de desocupados
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Pergunte ao pássaro
Fernanda Yuri
Dia de Leminski
terça-feira, 20 de maio de 2008
Achava que estava aqui
Fernanda Yuri
Dia de tanto nada
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Girassol do Jardim
Ela foi minha primeira constatação de vida. Olhava curiosa e a investigativa. O que via e o que sentia? Quem queria? Ela. Ela que adormecia nos meus braços quando tinhamos quase o mesmo tamanho. Ela que grudava na minha blusa para se esconder de qualquer perigo. Ela que trincou o dedo, quebrou o dente e pegou piolho. Ela que me acordava no meio do sono com a cama molhada, que ajoelhava ao chão para conferir se estava dormindo e abraçava gostoso deixando tudo quentinho e seguro.
De cabelinho liso chanel e carinha de boneca de porcelana ela seguia e ria. Ria livre, solta e desprendida. Me perguntava com o que tanto se assustava mas adorava quando ela corria para mim. Medo de piscina funda, sol do meio-dia, pimenta brava, assombração. Ela foi determinada no seu caminho e desvenda sozinha, até hoje, os seus segredos. Nos separamos, moramos juntas por uns anos, viajamos para destinos comuns. Foi estudar em outra cidade e seguiu firme no objetivo de se tornar bióloga. Sobrevoou assuntos diversos de piano clássico à anatomia humana. Meus olhos a admiram e meu coração a acompanha.
Juntas a gente se descobriu irmãs de família, de vida, de alma. Acho mesmo que descobri mais vida por você. Todas as palavras se unem em uma só: amor. Parabéns pelo aniversário, meu girassol. Hoje, 16 de maio de 2008. 22 anos.
Fernanda Yuri
Dia do maior presente
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Conversa
o corpo espera por ela.
compaixão, em forma de
desejo, que lhe chama.
dois segundos, apenas.
o suficiente para tua alma
pecadora, que derrama
lágrimas no teu peito.
o retorno para casa.
sabes o que sente e
porque ages assim.
lenta, respira. seco, olhos, seco.
Eny Caldo
Primogênito
o chão, esperançoso, recebe os cacos.
impressões mal interpretadas
ou, apenas, o tempo.
a rosa sempre teve espinhos e
o mundo tem os dois lados.
onipresença. Deus, será?
tudo é quente e frio.
a estrada com buracos é longa
bodhi, possível, há de surgir,
de ficar, adormecer, esparramar e
molhar o caule do amanhã.
Eny Caldo
Rabiolas de pipas
Como pode todo o passado estar aqui presente em um único pensamento?
Aprendendo a lição do entregar.
Fernanda Yuri
Dia de pipas no ar
sexta-feira, 9 de maio de 2008
quinta-feira, 8 de maio de 2008
sem título
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Simplicidade e angústia
23 de abril
Eny Caldo
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Calendário de Fernanda
Passei recolhendo um pouco de mim de uns tempos atrás que existiram de alguma forma, em algum espaço, de algum eu.
A garoa e as gotas
Sempre haverá os momentos de condensar para exprimir um pouco mais do que permanece lá no fundo da gente. São dias que a garoa cai fina das nuvens cinzas acima da nossa cabeça, faz frio e frio gostoso de perceber. Tudo fica mais introspectivo. É quando a gente lembra de respirar lenta e profundamente de novo. Tantos lembretes importantes que se escancaram à nossa frente somente para nos lembrar que a vida é linda e única. E a gente acaba abafando tanto do seu brilho natural, simplesmente por querer uma vida diferente, ou melhor dizendo, por ter medo de ser e fazer diferente.
04 de abril
Dia de que garoa fina pousou na pele e novas coisas parecem surgir
Vejo. Vejo... vejo?
No abandono é preciso ferir a quem nos deixa e deixar uma marca, porque não sangrenta, naquilo que nos aprisiona - na mente? É o medo do abandono, do caminhar sozinho, de não ser visto e não ser reconhecido pelas nossas mirabolantes e essenciais idéias. É perceber que a importância de nossa existência é ínfima para os outros e que são os mesmos outros que tocam a nossa pele e nos fazem perceber que temos o corpo, matéria viva. Do lado de cá, temos as janelas da alma, um olhar somente para além de nós e nunca para nós mesmos. E por meio dos outros, temos de certa forma, reconhecida a nossa existência. Assim se dá o caminhar da vida como em um jogo de espelhos. Somos o que enxergam os outros e somos refletidos pelos outros. Mas somos também aqueles presentes nos corpos que se locomovem e da mente que sonha, por si só ou em conjunto, vôos altos com destinos muitas vezes desconhecidos para cada um e para os outros.
25 de março
Dia em que a luz elétrica acabou mas a interna permanece acesa
Sendo metade bobeira porque existe o riso
É boa a vida que acontece nos intervalos. Nos segundos que antecedem a ação, nos momentos que intercalam os pensamentos. Ali existe o incompreensível e neste lugar, por ora, quero morar. Afundar em um espaço vazio, silencioso, amplo. Permitir e entregar a vida tão minúscula comparada ao cósmo e tão gigante para o ego. Singela e tão repleta de expectativas e significâncias tenho uma existência tranquila quando percebo que respirar apenas é possível e enxergar, por vezes de sorte, a beleza que mora dentro e fora desta grande rede humana. Saber o que são automotismos, condicionamentos, julgamentos para desconstruir, destruir para refazer. É uma das formas de realizar a sutil diferença entre a liberdade de e a liberdade para. Liberdade para ser de acordo com a nossa original natureza. Sem rótulos e pretensões. Sendo apenas pensamento. Isso já é muito de mim.
19 de março
Dia em que movimentos gostariam de se explodir no corpo
E veio... com defeitos que antes não tinha
Hoje, depois da espera, ele voltou. Estava mesmo com saudades. Na sua ausência, parti pro mundo, com pernas ágeis que me conduziram novamente às multidões. Como sempre, acho uma delícia perceber que é possível os movimentos para direções diferentes. Talvez, com você, me sinto um pouco presa no seu espaço. Você é falso-seguro, falso-dominado, porque mesmo com a minha diretriz tem o poder de correr riscos. Pelo tempo em que esteve ausente, percebi que de você não sou dependente. Mas sei que juntos, podemos ir mais longe e mais rápido. Quando te reencontrei, não sabia dizer se estava melhor ou no mínimo o mesmo. Só queria sair correndo com você novamente. Até a manhã respeitou nosso momento. O céu era cinza e o clima ameno, um pouco de frio após tantos dias de calor! E saímos de lá. Meio apreensiva, reparei nos seus detalhes, em como havia voltado. Só mesmo o tempo com esse poder de nos fazer até olhar diferente. Silenciosa, te observei. No silêncio, reparei que algo em você reclamava. Foi quando me dei conta que já não era mais o mesmo. Desiludi. Você voltou com defeitos que antes não tinha. O pára-brisa veio com defeito! Mas continuo amando o meu carro, todo meu, do mesmo jeito! Bem-vindo de volta! Esse defeitinho a gente arruma com o tempo, muito simples consertar certas coisas!
14 de maio
Olha a curva!
O que acontece quando o tempo do desejo não está de acordo com o tempo do realizável? Ficamos assim, cara de chocados, uma merda mesmo. A partir do desejo outras mil ilusões deliciosas se formam. Momentos em que tudo podemos, tudo somos e na mais plena realização. Papo furado. Queremos tudo para agora e da nossa forma. E a confusão começa porque a cada momento somos um com desejo diferente. Alguém pode condensar meu ar? Como castelos de cartas, meus planos se desfizeram e é preciso reformular, lidar com o inesperado, pegar uma nova curva. Tá aí um grande barato: a experimentação daquilo que não era previsto. Difícil, eu sei. Mas como sempre o jeito é seguir, pois parar é mesmo impossível mesmo que muitas vezes seja aquilo que mais precisamos.
12 de março
Dia amarelo com caras de "ham?!"
A voz que chega
Quando somos mais do que um, assimilamos alegrias mas também mais dores. Ao ouvir a voz franzina e desanimada de quem amamos nos desperta um alerta de cuidado. É sobrecarga? É cuidado? Deve ser mesmo amor. Amor que nos pertence e nos faz desejar conforto na alma de cada pessoa. Um desejo subjetivo porém existente para além da compreensão. Latente. Amar ao outro é observá-lo em todos os seus momentos com doçura e fazê-lo crer que tudo é impermanente, que tudo passa e se dissolve. Uma calma serena que nos acompanha ao dizer: "Sei que sofre, mas passará." Vai solto no caminho, desvendar os mistérios da vida. Lembre-se que sustos virão, medos podem desacelerar certos passos, mas é possível seguir. E seguimos todos para um mesmo ponto por caminhos dispersos. Hoje estou assim, assustada com a vida, novamente e talvez sempre.
11 de março de 2008
Dia cinza de ar parado