quarta-feira, 30 de abril de 2008

Fora do corre-corre

Esse corre-corre há tempos não me diz nada. Assusta. Assusta quando você percebe que está impregnado em você mesmo. Colado, grudado, transbordado de si. E eu que vivo a me desfragmentar, deixo escorrer um pouco de mim. Por que tantos significados pra tudo? A gente se embola na própria cola. E fica lá preenchendo a vida. Eu farei as malas e abrirei todos os poros do corpo e os cantos da alma para grudar, assim, um pouco mais de mim.

Fernanda Yuri
Véspera ansiosa de feriado prolongado

terça-feira, 29 de abril de 2008

Parafraseando

Realmente é muito bom quando a gente deixa de reparar apenas no nosso mundo e observa que todas as pessoas estão no mesmo barco. Cada um com os seus medos, angústias, dúvidas, alegrias e satisfação, claro. Porém, todos na condição de seres humanos. Seres que erram, mas que podem ser leves consigo e aprender a se perdoar. Se não fizermos isso, passaremos a vida toda remoendo as nossas decisões. E isso gera sofrimento. Depois não adianta culpar a si mesmo ou alguém. Achar o culpado nem sempre é a solução. Temos que saber fazer carinho na gente. Um pouquinho de compaixão não faz mal, não.

Eny Caldo
Dia de liberdade

domingo, 27 de abril de 2008

Os azuis dos meus olhos

Tem muita coisa ali, quietinha, parada, nem quente, nem fria, ali. Tudo, nada, sendo e Existindo. Ando por aí reparando em cores e todo dia tenho me perguntado: “Qual é a cor do céu hoje?”. Estico meus olhos nas brechinhas que os prédios, as árvores, os fios dos postes me deixam olhar. Quantos azuis novos! Todo o céu a acariciar os olhos, minhas janelas da alma. Tão bom quando a gente deixa de reparar na gente para permitir enxergar melhor, mais amplo, mais claro, mais como é. A gente percebe que o outro existe e que sofre como todo mundo. E todos podem olhar para o céu e ver o seu próprio azul. Tão bom seria se estendêssemos mais os braços sem desconfianças e apegos para assim nos transformamos em qualquer coisa diferente do éramos no instante que já passou. É uma construção por meio dos detalhes. Detalhes do ahimsa, da paciência, da coragem, da dor e da luz. Os olhos apreciam, sozinhos, o que é importante, é só reparar e se deixar levar. Os registros ficam no coração: quietinhos, parados, nem quentes, nem frios, ali pra gente lembrar que está conectado.

Fernanda Yuri
Dia de muito amarelo

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Das tantas vezes que queremos diferente

Você pode ir a qualquer lugar, estar na companhia de todas as pessoas e ainda vai querer alguma coisa diferente. Por que é tão difícil estar satisfeito? Por que a gente parece sempre estar na busca de algo ao invés de estar presente com os nossos momentos? De alguns de meus caminhos, trago algumas reflexões que firmam mais meus pés a cada passo, mas confesso que muitas vezes essa firmeza some e lá estou novamente a pisar no ar. Foi com o Yoga que entendi, ou melhor, senti a conexão e a integração com algo não para além de mim, mas uma união comigo mesma. Na “prática” – e a dimensiono como prática da vida – a gente percebe que sempre tem a companhia da gente mesmo e que sempre poderá contar com as nossas “incríveis" opiniões. E pensar que por meio de nós mesmos, tantas descobertas são possíveis, só é preciso parar, silenciar, observar para vivenciá-las. Foi também com o Yoga que passei a desejar paz, muita paz, para todas as pessoas. Pois, afinal, quando existe paz, existe plenitude na existência, existe Yoga. A vida nos alerta de uma forma muito clara e simples: é quando um desconforto, um sofrimento, um apego nos afrontam que devemos agir, com o corpo, a mente e o espírito, pois é ali onde está nosso elo com o samsara. Assim, ando um tanto satisfeita com o que a vida tem me dado e não querendo que as coisas sejam muito diferentes do que tem sido. Afinal, sei que os desafios já são muitos e que compreender os meus pequenos e grandes apegos já é, com certeza, trabalho para muitas vidas.

Fernanda Yuri
Maringá, dia de chuva fresca e de malas prontas

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Um ano por nós

Quando encontramos na amizade aquele espaço importante para compartilhar idéias, bons momentos, apoio e suporte para as horas necessárias, podemos dizer que compartilhamos vida. Vida que se mostra cada vez mais bela, misteriosa e que escorre pelos dedos. Vida que se manifesta em gotas de chuva ou dor no peito। Mas é tudo vida. Que alegra, que faz chorar, sorrir, amar, dizer, pensar, calar. E a gente em busca constante de significados concretos e explicações palpáveis de que há uma resposta pra tudo. Das conversas pós-aula de Yoga, palavras perplexas numa mesa de bar qualquer, uma leitura compartilhada, uma música apreciada, arte e poesia que comoveram e tudo o que nos fizeram entrar, vasculhar e enxergar um pouco para além de nós e para nós mesmas, surge daí o Sendo Pensamento. Para a lucidez e a diversão nossa. Para celebrar a nossa amizade. Para celebrar a vida e tudo que dela faz parte.

Fernanda Yuri e Eny Caldo