Poema para as horas mortas
"Quero falar da alma ---
Mas não daquela outra,
Eterna couraça celestial,
Farta de identidade,
Fonte de homéricas batalhas,
Entre deus e seu rival.
Mas não daquela outra,
Eterna couraça celestial,
Farta de identidade,
Fonte de homéricas batalhas,
Entre deus e seu rival.
Quero falar da essência,
Fina camada de existência,
Sopro de vida que exala,
Tênue perfume de amor.
Falo da alma relativa, esquisita,
Que não dura mais do que a própria vida.
Alma de sonho, feita apenas para sustentar
A leveza do nosso coração.
Essa alma, esse vento,
Eu respiro a cada momento,
E quase sem saber, a reinvento
Como uma nova forma de alento.
Não, não quero ser eterno;
Quero ser nuvem, pássaro e pedra.
Quero mudar, deixar ir esse Eu,
Renascer a cada dia,
Refrescado e em paz.
Sozinho em meu caminho,
A cada passo descubro,
Surpreso e feliz,
Que minh'alma não é minha;
Não tem nome, não tem cor,
Não cresce nem definha.
É apenas uma palavra,
Proferida em silêncio,
Em um Universo sem fim."
Kōmyō (Claudio Miklos)
Leitura infinita...
Feliz e bom 2012, obrigada!
Fernanda Yuri
Fernanda Yuri