domingo, 27 de abril de 2008

Os azuis dos meus olhos

Tem muita coisa ali, quietinha, parada, nem quente, nem fria, ali. Tudo, nada, sendo e Existindo. Ando por aí reparando em cores e todo dia tenho me perguntado: “Qual é a cor do céu hoje?”. Estico meus olhos nas brechinhas que os prédios, as árvores, os fios dos postes me deixam olhar. Quantos azuis novos! Todo o céu a acariciar os olhos, minhas janelas da alma. Tão bom quando a gente deixa de reparar na gente para permitir enxergar melhor, mais amplo, mais claro, mais como é. A gente percebe que o outro existe e que sofre como todo mundo. E todos podem olhar para o céu e ver o seu próprio azul. Tão bom seria se estendêssemos mais os braços sem desconfianças e apegos para assim nos transformamos em qualquer coisa diferente do éramos no instante que já passou. É uma construção por meio dos detalhes. Detalhes do ahimsa, da paciência, da coragem, da dor e da luz. Os olhos apreciam, sozinhos, o que é importante, é só reparar e se deixar levar. Os registros ficam no coração: quietinhos, parados, nem quentes, nem frios, ali pra gente lembrar que está conectado.

Fernanda Yuri
Dia de muito amarelo

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