quarta-feira, 21 de maio de 2008

Pergunte ao pássaro

Eu que vivo correndo, vasculhando aquilo que não sou, não sei, desconheço, estou atrás das trapaças. Há tanto. Tanto por querer e nada para tanto. Os poetas entorpecem com versos. A psicanálise diz que não entendo. A dança sente o corpo. A fé silencia. Há também filosofia e arte para lembrar que existem outros e mais cores e luz. Entrega-se vida? A quem? Por onde? Eu queria não dar nome a nada, impossível de determinar. Apenas um sentir no não-tempo, uma vida que acontece, onde o meu é seu de imediato. Queria enxergar tudo aquilo que é doado, irrevogavelmente, a todos. Sempre. Coração que pulsa, lembrança que traz sorriso, dor de aprendizado não são doações? Coisas dadas para transformar a gente e tudo. No ar, por aí. Voar dói? Queria perguntar ao pássaro.

Fernanda Yuri
Dia de Leminski

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