quarta-feira, 25 de março de 2009

Corpo vivo


Somos o que sentimos? E sentimos? Por onde, por quais canais? O corpo sente por meio de minúsculas estruturas e se expressa por grandes sistemas e complexidade. O movimento. Cada intenção e absorção de um gesto. Uma grande descoberta se espreita pelos caminhos do corpo que vive tonificado, denso ou esquecido. Fico a pensar sobre a predominância do que chamamos razão ou aquilo que nos move, nos faz agir, equaliza e diferencia nossas ações, e, no entanto, é o corpo que nos convida à despedida. Morremos o corpo. Adoecemos nosso próprio corpo ao submetê-lo à forma, um cabide de apetrechos. E tanto fazemos por esse corpo-forma: trabalhamos, nos exercitamos, nos vestimos, nos frustramos ou envaidecemos por manter uma aparência. É do corpo que podemos extrair alguma presença na vida. Corpos soltos, desconexos, adormecidos perambulam como almas perdidas, que vagam pelos infinitos cantos do mundo, insatisfeitas. É possível abrir uma percepção para sentir que se existe. Corpo sagrado.

Fernanda Yuri
Dia de Gerda Alexander