domingo, 22 de junho de 2008

Travessia sob as estrelas

Eles atravessaram meio mundo. Pararam na Malásia, no Cabo da Boa Esperança e cruzaram o Atlântico. Meu pai fez o caminho inverso no "Africa Maru. Paradas em Los Angeles, Belém, Recife e a descida no Porto de Santos. 45 dias", dizia. Quem dera pudesse entender a grandeza do que me faz ser eu.

Fernanda Yuri
Dia de Homenagem

terça-feira, 17 de junho de 2008

Anotações na madrugada

Eu, que de tanto sufocá-lo em minha suposta visão da certeza, hoje deixo que ele se vá. Vá e não precisa voltar. Suas memórias foram cimentadas na matéria que me dá forma neste mundo. Não preciso mais de rédeas, deixei de ser cavalo para assumir a postura de uma gaivota. Dessas que voam por aí e só sossegam quando o corpo emite um alerta de que algo não está bem. Um vôo aprendiz. consciente. Racionalidade com uma pitada de ilusão. Ilusão que acalma os sentidos. Outra dimensão do mundo, necessária para sobreviver.

Eny Caldo

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sem saber

Eu gosto das coisas sem forma e sem presença mesmo. Sabe aquela pessoa misteriosa que escreve no blog adorado, personagem predileto de livro, namorado fantástico da amiga? Todos eles deveriam permanecer fantasmas. Assim a fantasia permanece, sempre lá, a ser sonhada. Quero furar os olhos de quem? Talvez os meus. Para não julgar com o olhar, para ser sensível pelos poros, pelos neurônios e por aquilo que a gente desentende. Tão bonito ser desentendido, não precisar de certeza nenhuma, se perceber que nem todos que simplesmente não sabem ou não se sentem mais nem menos que um outro que defende suas certezas. Hoje me disse um amigo que descobrira o motivo de sua vida. O dele é a música. O meu, descobri ontem depois de kilos de pensamentos soltos, é a não-certeza. Me desagarro de convicções, para quem sabe, viver o belo ao invés de achar que o entendo. Vivendo a amizade. Doces amigos, tríade de tantos risos descompromissados. Mesmo sem saber, a gente foi lá e se permitiu o encontro.

Fernanda Yuri
Dia em que a tríade quase foi beijada por um caminhão e riu.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Quinquilharias

Detesto perder gente. Posso perder tudo. Chave do carro, piercing do nariz, a hora, compromisso importante, o último dia do filme em cartaz, aquela exposição única na Pinacoteca, uma cena engraçada, um sorriso espontâneo, mas gente, detesto. É perda irreparável, não há substituto e por isso, não sei lidar. Prefiro dar as costas e seguir andando me desfazendo. Tem gente que entende a vida como um acúmulo de ganhos. Acho que eu já cheguei com tanta coisa que tento, ao longo dos passos, me livrar de algumas quinquilharias em excessos. Engraçado, a mágica ser ficar pelada enquanto tanta gente busca se vestir, com Dior, de preferência, nem que seja uma bolsinha apenas. Eu prefiro mesmo é abraço cru de gente desesperada de tristeza ou felicidade, não importa, desde que seja cru. Nada de nhe-nhe-nhé. Tem que estar junto ao pessoal que joga pelada no campo de areia na prainha do ribeirão, cobrir a criança que treme de frio embaixo na ponte em noite gelada de inverno, se apaixonar mesmo por quem não quer saber. Por quê? Porque somos gente. E gente, pensando melhor, nunca é perdida pois está aqui conosco perto de alguma coisa chamada sentimento.

Fernanda Yuri
Dia de despedidas

Ps. Minha amiga? Onde estará com seus pensamentos?

domingo, 1 de junho de 2008

Costurando nuvens

Costurando o infinito num céu limpo e azul, peço descanso à nevoa e reverencio tudo aquilo que existe. Reverencio cada caminhada e percebo os passos lentos mesmo quando acreditamos que estamos correndo à nossa vontade. Quero esparramar paz por dentro e evaporá-la como água que cai chuva em terras sedentas. Quero contemplar a paz. Pura. Simples. De todos. Como agora.

Fernanda Yuri
Dia de planos